Histórias para ler

As Chaves Mágicas

(Dalisa Campos e Jeanine Pacheco)

Era uma vez um menino muito esperto, inteligente, mas muito levado e o pior, não respeitava as regras. Por isso quase sempre fazia tudo ao contrário do que era permitido.

Até que numa noite, o menino teve um sonho, mas que parecia real. Sonhou que estava andando por uma estrada que o levou até um enorme castelo, destes de contos de fadas, com uma porta enorme de madeira bem antiga e pesada. Ao lado havia uma placa que dizia: “Desculpe, mas só pode entrar se for convidado.”

Como o menino não respeitava nada, tentou ver se a porta estava aberta e conseguiu abrir empurrando com muita força e logo que passou a porta se fechou. O menino entrou em um salão imenso destes de baile de príncipes e princesas com tapete vermelho, um grande lustre iluminado, lindas obras de arte e quadros nas paredes.

Mais adiante havia outra grande porta com uma placa que dizia: “Com licença, aqui passa somente amigos e parentes”. E mais uma vez não quis nem saber, desobedeceu, entrou e a porta se fechou. Desta vez entrou num lugar ainda maior, cheio de escadas para todos os lados e cercados com um lindo corrimão dourado. Ah! O menino não perdeu tempo, começou a brincar de escorregar pelos corrimões, subindo e descendo várias vezes.

Até que cansou e foi aí que percebeu que tinha outra porta ao lado com uma placa que dizia: “Obrigada pela compreensão, mas aqui somente para os proprietários.” E como sempre o menino desobedeceu, entrou e a porta se fechou. Era uma enorme biblioteca com livros em todas as paredes até o teto. Havia livros de todos os tipos, várias línguas, culturas e assuntos, ciências, geografia, matemática, contos e histórias de vários países. Parecia que todo conhecimento do mundo estava dentro daquela sala.

Depois de ter olhado alguns livros e vistos histórias fantásticas ele percebeu que no fundo da sala havia mais uma porta e como as outras também com uma placa que dizia “Por favor, somente convidados para jantar.” Mas desobedeceu, entrou e a porta se fechou. Desta vez estava numa sala de jantar muito elegante, com mesa para umas 20 pessoas, copos de cristal, talheres de ouro e louça pintada à mão. Em toda mesa havia algo para comer, frutas, bolos, salgados, doces, etc. Depois que experimentou um pouco de tudo sentiu-se cheio e cansado e queria se deitar. Queria voltar para sua casa, queria sua cama.

Porém quando tentou abrir a porta e voltar, estava fechada. O menino começou a bater, gritar, chutar, mas nada adiantava. O tempo foi passando e ele foi ficando nervoso e com medo quando viu pela janela que já estava anoitecendo. O desespero foi tanto que começou a chorar, foi quando percebeu que uma estrela parecia enorme no céu. Cada vez crescia mais de tamanho parecendo se aproximar. A luz passou pelos vidros da janela e se transformou em uma linda Fada e disse:

“Que houve menino? Por que chorar tanto?” E o menino contou tudo que havia acontecido. Cada vez que ele contava a fada foi lhe mostrando o quanto ele estava errado em suas atitudes: não respeitou os avisos das paredes, não respeitou o castelo e seus donos, pois mexeu em tudo sem autorização, sem cuidado algum. “Agora criança, você terá que conquistar as chaves de cada porta com uma palavra mágica.” Disse a Fada. Então o menino respondeu: “Abacadabra! Alacazum! Abratecézamo! “Não. Não é esse tipo de palavra. Você é esperto e inteligente. Tenho certeza que vai descobrir.” E como apareceu a Fada virou luz novamente e desapareceu no céu.

O menino depois de pensar muito, lembrou das placas e resolveu falar uma das palavras que continham nas placas. A última porta era a palavra “Por favor” logo que falou uma chave azul apareceu e ele conseguiu abrir e passou pela porta. Na biblioteca ele lembrou que a palavra era “Obrigada” e mais uma vez uma chave dourada apareceu e ele passou pela porta. No salão das escadarias ele lembrou que a palavra mais importante do aviso era ”Com licença” e novamente uma chave apareceu de cor verde e conseguiu passar pela porta chegando no grande salão e a última porta estava em sua frente. Era a porta da saída. Essa foi a mais difícil de lembrar mas, ele acabou falando ”Desculpe” e uma chave vermelha o libertou daquele castelo. Na mesma hora que passou pela porta o menino acordou sobressaltado, com o coração acelerado. A sensação do que aconteceu era tão forte que o menino começou a mudar suas atitudes. Toda vez que ia aprontar lembrava do sonho e acabava voltando atrás e fazendo o que é certo.


O JOGO DA PARLENDA
 
Um dia eu saí pelo mundo, caminhando sem eira nem beira, e, bem no meio da estrada, encontrei um bando de amigos que riam e brincavam juntos, repetindo palavras em conjunto...

Eu fui por um caminho...
Eu também
Encontrei um passarinho...
Eu também
Encontrei um dedo mindinho...
Eu também
Seu vizinho,
Eu também
Fura bolos,
Eu também
Cata piolhos.
Eu também...

Eu quis participar e recitei:
Batatinha quando nasce...
Espalha a rama pelo chão...
Menininha quando dorme...
Poe a Mao no coração.

Eles gostaram do meu versinho e me convidaram para seguir caminho. Fomos andando, devagarzinho, recitando bem baixinho...

Um, dois feijão com arroz.
Três, quatro, feijão no prato.
Cinco seis feijão inglês.
Sete, oito feijão com biscoito.
Nove, dez feijão com pastéis.

De repente passou um homem correndo. Levei um susto quando ouvi alguém dizendo:

Rei
Capitão
Soldado
Ladrão
Menino
Menina
Macaco
Simão

O homem que corria olhava para trás e ria, ao mesmo tempo em que nos dizia:
Sola, sapato,
Rei, rainha.
Onde quereis
Que eu vá dormir?
Na casa da mãe aninha.

De repente, o homem sumiu, e, subitamente, chegamos numa casa diferente, onde tudo pareciam infreqüente. Pensei que tinha ficado até doente. Senti tanto sono que perdi a fome e até esqueci meu nome. Mas, quando eu quis adormecer, me mandaram obedecer, declamando:

Hoje é domingo,
Pé de cachimbo.
Cachimbo é de barro,
Bate no jarro.
O jarro é de ouro,
Bate no touro.
O touro é valente,
Bate na gente.
A gente é fraco, cai no buraco.
O buraco é fundo,
Acabou-se o mundo.

Eu lhes disse que estavam errados, que aquilo era esquisitice, porque o domingo nem tinha chegado:

Amanha é que é domingo,
Pé de cachimbo.
Galo monteiro
Pisou na areia.
Areia é fina,
Que dá no sino.
O sino é de ouro,
Que da no besouro.
O besouro é de prata,
Que da na barata.
A barataé valente,
Que da no tenente.
O tenente é mofino,
Que da no menino.
O meninoé danado,
Que da no soldado.
O soldado é valente,
Que da na gente...

Ninguém me ouvia, ninguém me compreendia. Era hora do jantar, ninguém queria saber de esperar. E a cozinheira, em lugar de cozinhar, só sabia provocar:

Eu estou fazendo papa!
Para quem?
Para João Manco.
Quem o mancou?
Foi a pedra.
Cadê a pedra?
Esta no mato.
Cadê o mato?
O fogo queimou.
Cadê o fogo?
A água apagou.
Cadê a água?
O boi bebeu.
Cadê o boi?
Foi buscar milho.
Para quem?
Para a galinha.
Cadê a galinha?
Está pondo.
Cadê o ovo?
O padre bebeu?
Cadê o padre?
Foi rezar missa.
Cadê a missa?
Já se acabou.

Sentei-me a mesa e pedi um salgado, mas eles só tinham um feijão aguado. Pedi doce, como se nada fosse, dizendo-lhes assim:

Um dia, o doce perguntou ao doce
Qual era o doce mais doce
E o doce respondeu ao doce
Que o doce mais doce
É o doce de batata doce.

Estranhei minhas próprias palavras: será que estava ficando maluca? Ou tinha virado biruta? Será que eu estava ficando chata? Eles riam de mim e cantaram assim:

No morro chato
Tem uma moça chata
Com um tacho chato na cabeça.
Moça chata, esse tacho chato é seu?

Fiquei brava, fiquei tonta, mas, quando vi, já tinha dito estas palavras:

Se a  liga me ligasse,
Eu ligava a liga.
Mas, como a liga não me liga,
Eu não ligo a liga.

- Vocês são birutas e eu estou cansada! – reclamei. – porque “isso”? – protestei. E eles me responderam “aquilo”:

É porque a aranha arranha a jarra,
A jarra arranha a aranha;
Nem a aranha arranha a jarra,
Nem a jarra arranha a aranha.

Eu já tinha virado uma onça.meio assim, meio sonsa, perguntei o porquê daquela conversa tonta. Eles me olharam e cantarolaram:

Porque um ninho de carrapatos,
Cheio de carrapatinhos.
Qual o bom carrapateador
Que o descarrapateará?
Um ninho de mafagafos, com sete mafagafinhos.
Quem os desmafagafizer, bom desmafagafizador será.
Um ninho de mafagafa, com sete mafagafinhos.
Quem os desmafaguifar, bom desmafaguifador será.

E, quando eu ia lhes dizer que não era louca, abri a boca e percebi que já estava saindo bobagem feita por uma cabeça oca...

La em cima do piano
Tem um copo de veneno.
Quem bebeu
morreu.

Sol e chuva,
Casamento de viúva.
Chuva e sol,
Casamento de espanhol.

Um sapo dentro do saco.
O saco com o sapo dentro.
O sapo batendo o papo,
E o papo cheio de vento.

Então pensei que eles fossem brigar, pensei que eles fossem reclamar, mas eles gostaram muito de minha fala atrapalhada, e eu só ouvi um monte de gargalhadas. Ganhei um doce e um presente, com um bilhetinho que dizia:

Entrou por uma porta,
Saiu pela outra.
Quem quiser
Que conte outra.


Recebi agora essa história da minha madrinha Moramay, da Casa do Contador de Histórias de Curitiba - PR, quero dividí-la com vocês amigos, visitantes e alunos:

A FÁBULA SOBRE UM RIO

Em um país longínquo e montanhoso, um lago e um riacho viviam lado a lado. O lago ficava no pé da montanha e o riacho descia pela mesma montanha, de um ponto um pouco mais alto.
O lago estava muito orgulhoso consigo mesmo.
"Pequeno rio, veja quão bonito, grande e limpo eu sou!, disse o lago.
"Sim," o riacho respondeu, "você é muito bonito. Você deve ter muitos amigos. Enfim, você é tão grande que pode dar suas águas para qualquer um que queira beber. “Mas eu sou pequeno e ninguém percebe a minha presença”.
"Ha-ha-ha!" riu o lago. "Porque eu daria minhas águas para os outros? “Desse jeito eu também ficaria pequeno”.

Um dia um cabrito montanhês se aproximou do lago. "Ôi lindo lago, eu me perdi e há muito tempo não acho nada para beber. Posso beber das suas águas?"
"Vá procurar água em outro lugar", disse o lago com raiva. "E não encoste suas patas sujas em mim".
O cabrito ficou triste, mas o que ele poderia fazer? Ele já estava partindo quando escutou uma voz baixinha: "Ca-bri-to, venha aqui. Eu sou um pequeno rio que ninguém percebe, mas eu tenho água suficiente para você. Beba quanto quiser."
"Muito obrigado por ter me socorrido, pequeno rio!," respondeu o cabrito enquanto sorvia a água com muita vontade.

Tempos depois um bando de andorinhas sobrevoava o lago.
"Oh lago, nós estamos muito cansadas e ainda temos um longo caminho pela frente. Por favor, nos deixe beber."
"Tá certo!," o lago respondeu zangado. "Suas asas estão cheias de pó e eu sou alérgico. Voem para longe daqui!"
Mas assim que as andorinhas subiram no ar, ouviram alguém as chamando: Andorinhas, lindas andorinhas, voem sobre mim. Eu sou um pequeno rio que ninguém percebe, mas eu tenho água para todas vocês. Bebam quanto quiserem!".
"Muito obrigadas, pequeno rio," as andorinhas disseram enquanto matavam sua sede. Você é um verdadeiro amigo!".
Muitos animais passaram e muitos pássaros sobrevoaram. Todos pediram ajuda para o lago, mas somente o pequeno rio os ajudou a todos.

Então, num dia quente de verão, algo inesperado aconteceu.
"So-o-corro, ajuda!" gritou um pequeno rato. Foi pulando até o lago, e chegou já sem fôlego. "Lago, por favor, ajude o coelho. Ele quebrou a pata e não pode andar. Faz bastante tempo que ele não bebe e ele está realmente precisando de água"."
"o que que eu tenho com isto?", o lago perguntou surpreso.
"Se você espalhar um pouco de água, ela vai chegar até o coelho e ele poderá beber um pouco", respondeu o pequeno rato.
"Isto é bobagem," disse o lago e despachou o pequeno rato para longe.
"Pequeno rato", gritou o riacho, "talvez eu possa ajudar"."
"Você é muito gentil, mas é muito pequeno. Você não tem água suficiente para atingir o coelho", respondeu, triste, o pequeno rato.
"Espera, Eu pensei em algo!", o riacho exclamou. "Mãe Montanha! Mãe Montanha!", ele gritou.
Mas a montanha estava em sono profundo sob o sol quente.
"Ajude-me, pequeno rato", pediu o pequeno rio, e ambos chamaram a montanha de novo: Mãe Montanha!!!"
"Por que todo este barulho, pequeninos?" A montanha acordou. "O que aconteceu?"
"O coelho quebrou a pata, explicou o pequeno rio, "Ele precisa de água e eu devo ajudá-lo!"
"Mas como?" perguntou a montanha. "Você é tão pequeno!"
"Há neve em seu pico. Ela está se derretendo debaixo dos raios do sol, e se transformando em água. Me dê um pouco dessa água e eu serei capaz de ajudar o coelho".
"Embora você seja pequeno, você tem um grande desejo de ajudar os outros. Vou fazer como você está pedindo, respondeu a montanha.
Imediatamente, toda a água que antes corria do pico da montanha para o lago, começou a ir em direção ao riacho.
E antes que o lago pudesse emitir um só ruído, se tornou um pântano seco. Enquanto isso, o pequeno rio se transformou em uma grande e feliz corrente.
Rapidamente atingiu o coelho, saciou sua sede, lavou suas feridas e seguiu correndo majestoso para longe até alcançar o mar, oferecendo de presente para todos água fresca e limpa.

"Você está vendo essa quantidade de água?", diziam os animais para os outros, "antes era um pequeno riacho mas o desejo de ajudar os outros o transformou neste rio largo e caudaloso"."

 

O ganso de ouro - Irmãos Grimm

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Era uma vez um homem que tinha três filhos. Todo mundo chamava o mais moço de João Bobo, e ria e zombava dele o tempo todo. Um dia, o mais velho resolveu ir à floresta cortar lenha. Antes de sair, a mãe deu a ele um bolo gostoso e uma garrafa de vinho, para matar a fome e a sede. Quando estava no meio do mato, ele encontrou um homenzinho cinzento, que deu bom-dia e disse:
— Estou com tanta fome, e com tanta sede... Por favor, me dê um pedaço desse bolo que você tem no bolso e um pouco do seu vinho.
O filho esperto respondeu:
— Se eu lhe der meu bolo e meu vinho, não vai sobrar nada para mim. Me deixe em paz.
E deixou o homenzinho parado ali.
Em seguida, começou a cortar uma árvore, mas num instante errou o alvo, acertou o braço com uma machadada e teve que ir para casa fazer curativo. Tudo por artes do homenzinho cinzento.
Depois, o segundo filho também foi para a floresta fazer lenha, e a mãe também lhe deu bolo e vinho, igualzinho a como tinha sido com o mais velho. E ele também encontrou o homenzinho cinzento, que pediu um pedaço de bolo e um pouco de vinho. Mas o segundo filho também quis ser esperto e respondeu:
— Se eu der para você, não sobra para mim. Me deixe em paz.
E deixou o homenzinho ali parado.
Não precisou esperar muito pelo castigo. Logo nas primeiras machadadas que deu numa árvore, cortou-se na perna e teve que ser carregado para casa.
Aí João Bobo pediu:
— Papai, deixe eu ir fazer lenha...
O pai respondeu:
— Seus irmãos bem que tentaram e não conseguiram. É melhor você deixar isso pra lá... Afinal, você não entende nada de cortar lenha.
Mas João Bobo pediu e implorou até que o pai acabou dizendo:
— Muito bem, vá em frente. Se você se machucar, talvez aprenda a lição.
A mãe deu a ele um bolo feito de água e cinzas, e uma garrafa de cerveja choca. Quando ele chegou à floresta, também encontrou o homenzinho cinzento que lhe disse:
— Estou com tanta fome, e com tanta sede... Por favor, me dê um pedaço de bolo e um pouco de vinho.
João Bobo respondeu:
— Eu só tenho bolo de cinzas e uma cerveja choca. Se você não se incomodar, sente aqui comigo e coma e beba à vontade.
Eles se sentaram, mas quando João Bobo pegou o bolo de cinzas, viu que ele tinha virado um bolo finíssimo e muito gostoso, e que a cerveja choca agora era um vinho delicioso. Comeram e beberam e, quando acabaram, o homenzinho disse:
— Como você tem bom coração e divide alegremente com os outros o que tem, vou lhe dar sorte. Está vendo aquela árvore velha lá adiante? Se você a derrubar, vai encontrar uma coisa no meio das raizes.
E foi embora.
João Bobo derrubou a árvore. Quando ela caiu, havia no meio das raizes um ganso com penas de ouro puro. Ele pegou o ganso no colo e foi passar a noite numa hospedaria.
O hospedeiro tinha três filhas que, assim que viram o ganso de ouro, ficaram curiosíssimas para saber mais coisas de um animal tão estranho. Todas cobiçavam as penas de ouro, e a mais velha pensou: na certa eu vou conseguir arrancar uma para mim.
Quando João Bobo foi dormir, ela agarrou a asa do ganso, mas ficou com o dedo e a mão presos, sem conseguir soltar. Pouco depois, chegou a segunda irmã e também só pensou em arrancar uma pena de ouro, mas, assim que tocou sua irmã, ficou presa também. Finalmente, chegou a terceira, com o mesmo objetivo. As outras duas gritaram:
— Fique longe daqui, pelo amor de Deus! Longe daqui!
Mas ela não entendia por que tinha que ficar longe dali, pensando: por que não devo ir aonde elas estão?
Correu até elas, tocou a irmã e ficou bem presa. Acabaram tendo todas que passar a noite com o ganso.
Na manhã seguinte, João Bobo pegou o ganso no colo e foi-se embora. Nem reparou nas três moças que estavam penduradas nele, e lá se foram elas correndo atrás dele, ora para a esquerda, ora para a direita, por qualquer caminho que ele cismasse de seguir. Quando passaram correndo por uma estradinha no campo, cruzaram com o padre. Ao ver a tal procissão, ele disse:
— Que horror, garotas! Vocês deviam ter vergonha! Por que vocês estão perseguindo esse rapaz? Acham que isso é bonito?
Dizendo isso, agarrou a mão da mais nova e tentou puxá-la, mas, no momento em que fez isso, também ficou preso e teve que sair correndo junto com os outros. Daí a pouco, encontraram o sacristão. Quando viu o padre correndo atrás das três moças, gritou espantadíssimo:
— Ei, reverendo, aonde é que o senhor está indo com tanta pressa? Não se esqueça: temos um batizado hoje!
Correu atrás dele, agarrou-o pela manga e ficou preso também.
Enquanto os cinco seguiam apressados pela estrada, encontraram dois camponeses que vinham dos campos com suas enxadas. O padre pediu ajuda, mas assim que eles encostaram no sacristão também ficaram presos, e a esta altura já eram sete pessoas correndo atrás de João Bobo e de seu ganso.
— Bem mais tarde, chegaram a uma cidade onde havia um rei cuja filha era tão séria que ninguém conseguia fazê-la rir. Por isso, o rei tinha decretado que o primeiro homem que conseguisse fazer a princesa rir casaria com ela. Quando João Bobo ouviu isso, foi até a presença do rei — com seu ganso e todo o cortejo. Na hora em que a princesa viu aquelas sete pessoas correndo enfileiradas, teve um ataque de riso tão forte que parecia que nunca mais ia parar de dar gargalhadas. Então João Bobo disse que tinha o direito de casar com ela, mas o rei não queria um genro como ele e começou a fazer todo tipo de objeção. Até que acabou dizendo que, para casar com sua filha, João Bobo ia ter que trazer um homem que fosse capaz de beber uma adega inteirinha cheia de vinho.
João Bobo pensou, pensou, e achou que talvez o homenzinho cinzento da floresta pudesse dar alguma ajuda, por isso foi até lá. No lugar onde tinha cortado a árvore, viu um sujeito com um ar muito infeliz, sentado no chão. Quando João Bobo perguntou a ele por que estava tão triste, o homem respondeu:
— Estou com uma sede tão grande que nada faz passar. Acabei de beber um barril inteiro de vinho, mas isso é só uma gotinha para o que eu preciso.
— Eu posso te ajudar — disse João Bobo. — É só vir comigo e se fartar...
Foi com ele até a adega do rei, e o homem começou seu trabalho nos grandes tonéis. Bebeu, bebeu, até ficar com as bochechas doendo, mas antes do dia acabar tinha secado a adega inteira.
Mais uma vez, João Bobo foi reclamar seu direito, mas o rei relutava tanto em deixar que um idiota conhecido como João Bobo casasse com sua filha que acabou pensando em outra condição: agora queria um homem que fosse capaz de comer uma montanha inteira de pão.
João Bobo nem precisou pensar muito. Foi até a floresta e, no mesmo lugar, encontrou um homem que estava apertando o cinto em volta da barriga, fazendo a cara mais infeliz do mundo.
— Acabo de comer um forno cheio de pão — disse o homem —, mas, para uma fome como a minha, isso não dá nem para a saída. Minha barriga continua vazia como sempre e, se eu não a apertasse muito, a fome ia acabar me matando.
João Bobo gostou de ouvir isso.
— Venha comigo — disse. — Você vai comer até dizer chega.
E levou o homem para o pátio do castelo do rei.
Tinham trazido toda a farinha de trigo que existia no reino todo e tinham feito uma imensa montanha de pão. Mas o homem da floresta subiu na montanha até o alto e começou a comer, e antes do dia acabar o pão todo já tinha sumido.
Pela terceira vez, João Bobo reclamou o cumprimento da promessa, mas o rei ainda pensou em outra condição. Agora, ele queria um navio que fosse capaz de velejar tanto na terra como na água.
— Mas assim que me trouxer o navio, terá minha filha — garantiu.
João Bobo foi direto à floresta, onde encontrou o homenzinho cinzento a quem tinha dado seu bolo.
— Bebi e comi por você — disse ele — e também vou lhe dar seu navio. Tudo isso porque você foi bom para mim.
E deu a ele o navio que velejava na terra e na água. Quando o rei viu isso, não pôde mais continuar negando a mão de sua filha, e o casamento foi celebrado. Mais tarde, quando o rei morreu, João Bobo herdou o reino e viveu feliz com a mulher por muitos e muitos anos.


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Esta história foi copiada do blog: http://contosencantar.blogspot.com/2008/07/o-ganso-de-ouro.html%C2%A0%20Contos de Encantar



ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS


Alice no País das Maravilhas (título original em inglês: Alice's Adventures in Wonderland, frequentemente abreviado para "Alice in Wonderland") é a obra mais conhecida de Charles Lutwidge Dodgson, publicada a 4 de julho de 1865  sob o pseudónimo de Lewis Carroll. É uma das obras mais célebres do gênero literário nonsense. 

Alice está sentada com sua irmã no jardim quando ela vê passar um Coelho Branco com um relógio de bolso. Fascinada pela visão, ela segue o coelho e entra num buraco numa árvore. Ela cai lentamente por um longo tempo e cai num corredor cheio de portas. Há também uma chave numa mesa, que abre uma porta minúscula; através desta porta, ela vê um lindo jardim. Alice quer ir até lá, mas a porta é muito pequena. Pouco depois, ela encontra uma garrafa cheia de líquido e que tem um rótulo onde está escrito "Beba-me", e um bolo com uma etiqueta onde se lê "Coma-me". Alice prova os dois e descobre que um deles faz com que ela diminua de tamanho e o outro a faz crescer. Ela tem dificuldades ao usar ambos, pois ou ela fica grande demais para passar pela porta ou fica pequena demais para alcançar a chave.
Enquanto Alice está pequena demais, ela escorrega e cai num lago. Ela descobre que o lago tinha sido formado pelas lágrimas que ela derramara enquanto ela era uma gigante. Alice nada até a praia com alguns animais, inclusive um rato sensível, mas consegue ofender todos eles ao falar sobre a habilidade da sua gata em capturar ratos e pássaros. Deixada sozinha, ela corre através da floresta e encontra o Coelho Branco. Ele a confunde com sua criada e ordena que ela vá pegar várias coisas na casa dele. Alice obedece a vai até a casa do Coelho. Ao chegar lá, ela bebe outro líquido e fica grande demais para sair pela porta. Ela acaba descobrindo um pequeno bolo que, quando comido, faz com que ela volte ao seu tamanho normal.
De volta à floresta, Alice encontra uma Lagarta sentada num cogumelo gigante. Ela dá alguns conselhos preciosos, além de ensinar Alice a usar o cogumelo: um lado faz crescer e outro faz diminuir. A primeira vez que Alice prova o cogumelo faz com que ela estique seu corpo tremendamente, especialmente o pescoço, os braços e as pernas. Enquanto estava toda esticada, Alice enfia a cabeça através da copa das árvores e encontra um Pombo. O Pombo tem certeza que Alice é uma serpente e, quando Alice tenta raciocinar com ele, o Pombo manda ela se calar.
Alice volta às suas proporções normais e continua a andar pela floresta. Numa clareira, ela encontra uma pequena casa e escolhe o bastante para entrar nela. É a casa da Duquesa. Ela e o Cozinheiro estão brigando furiosamente, e os dois não parecem se preocupar nem um pouco com a segurança do bebê que a Duquesa está embalando. Alice pega o bebê para tomar conta dele, mas ele se transforma num leitão e escapole para a floresta.
Mais tarde, Alice encontra o Gato de Cheshire, que antes estava sentado na casa da Duquesa mas não tinha se manifestado. O Gato a ajuda a achar o caminho através da floresta, mas a avisa que todos aqueles que ela irá encontrar são loucos.
Alice chega até a casa da Lebre, onde ela é convidada para ir à Festa da Hora do Chá. Na Festa, estão presentes a Lebre, o Chapeleiro Louco e o Rato do Campo. Uma vez que o Tempo parara de funcionar para o Chapeleiro, são sempre seis horas da tarde e é hora do chá. As criaturas da Festa do Chá são as que mais discutem em todo o País das Maravilhas.
Alice sai da festa e encontra uma árvore com uma porta; quando ela espia pela porta, ela vê o corredor onde ela tinha começado sua aventura. Desta vez, ela está preparada e consegue ir até o lindo jardim que ela tinha visto antes. Ao chegar lá, Alice descobre que está no jardim da Rainha de Copas. Alice vê três jardineiros, cujos corpos tem a forma de cartas de baralho. Eles estão muito ocupados pintando as rosas de vermelho. Alice os interroga e os jardineiros dizem que, se a Rainha de Copas descobrir que eles haviam plantado rosas brancas ao invés de vermelhas, eles serão decapitados. Logo a seguir, chega a Rainha em pessoa e ordena a execução imediata dos jardineiros. Alice os ajuda a se esconderem num grande vaso de flores.
A Rainha convida Alice para jogar croquê. É um jogo muito difícil de ser jogado no País das Maravilhas, pois as bolas e os tacos são animais vivos. A partida é interrompida pela chegada do Gato de Cheshire, com o qual o Rei de Copas antipatiza instantaneamente.
A Rainha leva Alice até o Grifo, e este, por sua vez, a leva até a Tartaruga Falsa. O Grifo e a Tartaruga contam a Alice histórias bizarras sobre a escola deles no fundo do mar. A Tartaruga Falsa canta uma canção melancólica sobre sopa de tartaruga, e pouco depois o Grifo arrasta Alice para assistir ao julgamento do Valete de Copas.
O Valete de Copas estava sendo acusado de roubar as tortas da Rainha, mas as provas contra ele eram muito ruins. Alice fica abismada com os ridículos procedimentos do tribunal. Ela também começa a crescer. Logo ela é chamada para testemunhar; nesta altura, ela já estava com um tamanho gigantesco. Alice se recusa a ser intimidada pela lógica distorcida do tribunal e pelas acusações do Rei e da Rainha de Copas. Subitamente, todas as cartas se levantam e a atacam. Neste momento, ela acorda. Suas aventuras no País das Maravilhas tinham sido apenas um sonho fantástico.


fonte: http://www10.brinkster.com/ricardomoraes/pt/res/resalice.htm