segunda-feira, 25 de julho de 2011

Novas páginas a caminho...

Prezados alunos, amigos e visitantes, em breve estaremos criando mais algumas páginas, entre elas: Histórias ouvidas (recolhidas da narrativa oral de moradores do bairro Martello), Histórias criadas (pelos alunos do projeto) e Histórias para ler (dos livros de literatura). Será um imenso prazer dividir essas experiências!

Poesia do Cotidiano

Branco nuvem... azul céu... roxo amora madura...
Vermelho morando de outono... verde brócolis cozido... laranja asa
De borboleta... rosa bochecha de bebe... amarelo canário...
Dente de leão ao vento...
Rodamoinho de folhas... sorriso de menina...
Bolhas no aquário...
                             
Cheirar poesia onde ninguém sente...
Sentir poesia onde ninguém saboreia...
Saborear poesia onde ninguém onde ninguém ouve...
Ouvir poesia onde ninguém enxerga...

Cheiro de baunilha... cheiro de livro velho...
Cheiro de café... cheiro de capim... cheiro de dentista... cheiro de chulé...
Cheiro de bebe...

Cheirar poesia onde ninguém sente...
Sentir poesia onde ninguém saboreia...
Saborear poesia onde ninguém onde ninguém ouve...
Enxergar poesia onde ninguém cheira...

Vento no rosto... banho de chuva...
Grama molhada... mergulho no mar... cachoeira... caminhada na areia...
Suco gelado... sopa quente... banho demorado... sol na pele...
Creme hidratante... abraço apertado... beijo carinhoso... plumas
De algodão... sonhos... abrir de olhos pela manhã...


Sentir poesia onde ninguém saboreia...
Saborear poesia onde ninguém onde ninguém ouve...
Ouvir poesia onde ninguém enxerga...
Enxergar poesia onde ninguém cheira...
Cheirar poesia onde ninguém sente...

Chocolate derretido... sonhos de padaria... bolo de vó...
Comida de mãe... pizza de forno a lenha...
Bomba de creme... brigadeiro de panela... strogonoff...
Lazanha... miojo de madrugada... pão com mortadela... biscoito de polvilho...

Saborear poesia onde ninguém ouve...
Ouvir poesia onde ninguém enxerga...
Enxergar poesia onde ninguém cheira...
Cheirar poesia onde ninguém sente...
Sentir poesia onde ninguém saboreia...

Barulho de chuva... gargalhada de moleque... choro de bebe... sirene de escola...
Salva de palmas... batuque na caixa de fósforos... conversa de comadre...
Radio ligado... ondas quebrando... cantando no chuveiro...

Ouvir poesia onde ninguém enxerga...
Enxergar poesia onde ninguém cheira...
Cheirar poesia onde ninguém sente...
Sentir poesia onde ninguém saboreia...
Saborear poesia onde ninguém ouve...

Ver detalhes...
Em cada cor... em cada cheiro... em cada sabor... em cada som...
Em cada sentimento um verso...
Em cada abrir de olhos uma rima...
A vida... uma poesia...
Pri Campioni
 

O manifesto do contador de histórias



O contador de histórias cria imagens no ar materializando o verbo e transformando-se ele próprio nesta matéria fluída que é a palavra.

O contador de histórias empresta seu corpo, sua voz e seus afetos ao texto que ele narra, e o texto deixa de ser signo para se tornar significado.

O contador de histórias nos faz sonhar por que ele consegue parar o tempo nos apresentando um outro tempo.

O contador de histórias, como um mágico, faz aparecer o inexistente, e nos convence que aquilo existe.

O contador de histórias atua muito próximo da essência, e essência vem a ser tudo aquilo que não se aprende, aquilo que é por si só.

Contar histórias é uma arte, uma arte rara, pois sua matéria-prima é o imaterial, e o contador de histórias um artista que tece os fios invisíveis desta teia que é o contar.

A arte de contar histórias traz o contorno, a forma. Ritualiza a memória e nos conecta com algo que se perdeu nas brumas do tempo.

A arte de contar histórias nos liga ao indizível e traz resposta às nossas inquietações.

Contar histórias é uma arte por que traz significações ao propor um diálogo entre as diferentes dimensões do ser.

Contar histórias expressa e corporifica o simbólico, tornando-se a mais pura expressão do ser.

Cléo Busatto (Livro Contar e Encantar)

sábado, 9 de julho de 2011

Perguntas de um operário letrado

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sózinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas


Berthold Brecht

domingo, 3 de julho de 2011

Bons dias!

                         
                   "É melhor ser alegre que ser triste,             
                a alegria é a melhor coisa que existe
                   é assim como a luz no coração..."
                            (Vinicius de Moraes)