segunda-feira, 25 de julho de 2011

O manifesto do contador de histórias



O contador de histórias cria imagens no ar materializando o verbo e transformando-se ele próprio nesta matéria fluída que é a palavra.

O contador de histórias empresta seu corpo, sua voz e seus afetos ao texto que ele narra, e o texto deixa de ser signo para se tornar significado.

O contador de histórias nos faz sonhar por que ele consegue parar o tempo nos apresentando um outro tempo.

O contador de histórias, como um mágico, faz aparecer o inexistente, e nos convence que aquilo existe.

O contador de histórias atua muito próximo da essência, e essência vem a ser tudo aquilo que não se aprende, aquilo que é por si só.

Contar histórias é uma arte, uma arte rara, pois sua matéria-prima é o imaterial, e o contador de histórias um artista que tece os fios invisíveis desta teia que é o contar.

A arte de contar histórias traz o contorno, a forma. Ritualiza a memória e nos conecta com algo que se perdeu nas brumas do tempo.

A arte de contar histórias nos liga ao indizível e traz resposta às nossas inquietações.

Contar histórias é uma arte por que traz significações ao propor um diálogo entre as diferentes dimensões do ser.

Contar histórias expressa e corporifica o simbólico, tornando-se a mais pura expressão do ser.

Cléo Busatto (Livro Contar e Encantar)

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